Mito: Pessoas com deficiência são pouco atraentes, indesejáveis e incapazes de conquistar um parceiro amoroso?
A visão ideológica que fomenta a ideia sobre um direito exclusivo as pessoas jovens e bonitas referente ao relacionamento e ao sexo são fatores que aumentam o mito acerca da pessoa com deficiência. Os “padrões” de normalidade sexual impõem uma relação que envolve um protagonismo de corpo perfeito, magro, esbelto, que tenha boa saúde, etc. Contudo, a possibilidade de encontrar um parceiro sexual e amoroso parece depender dos modelos impostos pela sociedade, mas isso não impede que pessoas com deficiência possam se relacionar amorosamente de modo satisfatório. Para muitas pessoas a deficiência dificulta à questão sexual, como se o corpo deficiente aparecesse antes do corpo sexual. Em algumas situações a pessoa com deficiência necessita de suportes, como usar aparelhos e ou realizar procedimentos de esvaziamento de bexiga e esfíncter para que possa ter uma vida mais saudável, inclusive quando se trata da intimidade, contato físico e sexual. Para Kaufman, Silverberg e Odette (2003) e Puhlmann (2000), o fato de você ter uma parte do corpo não funcional, de você precisar de algum tipo de auxílio e ajuda em função de sua deficiência antes de dar e receber prazer pode torná-lo degradante e pouco erótico aos demais, mas não impede os vínculos amorosos e sexuais. Por tanto, dificuldades de relacionamento amoroso existem para deficientes e não deficientes. O estigma que prejudica a busca por um parceiro não impede que a pessoa com deficiência encontre alguém para amar e ser amado, mas fortalece preconceito acerca de uma visão pouco conhecida sobre a potencialidade que a pessoa com deficiência pode exercer sobre sua vida. Se a sociedade alimenta o estigma de que alguém com deficiência é merecedor de piedade, a própria pessoa com deficiência é tentada a incorporar esse preconceito em si mesmo, devemos quebrar essa visão e os mitos que cercam este assunto mal compreendido. Por tanto, devemos lembrar que embora haja um pressuposto social do que se é desejável amar e de quais seriam os estereótipos físicos que contam significativamente nos processos de conquista, muitas vezes, o amor se estabelece no cotidiano das relações interpessoais a partir de motivações diversas e, assim, são as características psicológicas individuais do sujeito que consolidam uma relação de cumplicidade amorosa e não as características exteriores, como, por exemplo, a cor da pele, o tipo de cabelo, a massa corporal ou também o corpo perfeito.
Autor: Psicólogo Douglas Silva