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A alienação religiosa versus Karl Marx

Iniciaremos esse artigo fazendo uso da famosa citação do filósofo alemão KARL MARX “O sofrimento religioso é, a um único e ao mesmo tempo, a expressão do sofrimento real e um protesto contra o sofrimento real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e a alma de condições desalmadas. É o ópio do povo”.

Levando em consideração a citação de Marx podemos interpreta-la a luz de vários entendimentos, dependendo do nosso bom “estado de espírito”, ou até mesmo levando em consideração nossa boa vontade de buscar o real significado de tão importante citação dita por Marx em meados do século XIX. A ideia nem de longe se faz somente pela critica, mas você vai perceber que Marx não tem a intenção de dizer que a religião é um narcótico, mas sim que é o ópio - um narcótico específico. Ou seja, Marx faz alusão àquilo que serve como paliativo ou que provoca adormecimento, embrutecimento moral diante de uma sociedade que necessita de meios de pacificação para melhorar seu funcionamento. A religião – dizia ele “reflete o que falta na sociedade; é uma idealização das aspirações do povo que não podem ser satisfeitas de imediato”. Essa afirmação nos faz pensar nas condições sociais que alimentavam más atitudes contra o proletariado que era reduzido a pouco mais que escravos na Europa do século XIX. Tão pouco, também, a religião segundo Marx oferecia as mesmas condições prometendo um mundo melhor em outra vida. Ainda segundo Marx, a religião não é apenas uma superstição ou uma ilusão. Ela tem uma função social: distrair os oprimidos da realidade de sua opressão. Contudo, Marx quando classifica a religião como o ópio do povo busca mostrar que ela alivia sua dor, mas ao mesmo tempo, se transforma em um fardo necessário, assim como a dependência do proletariado ao sistema capitalista implantado. Portanto, podemos pensar que a dependência quase sempre desvia a percepção da realidade causando conformismo e indolência aos indivíduos.

Marx queria produzir nas pessoas um olhar para a realidade do capitalismo burguês do século XIX que oprimia e alienava. Consequentemente fez um paralelo à religião que para Marx fortalece a alienação que não é fruto da religião, mas o resultado de um sistema. E esta alienação está na condição social das classes menos favorecidas, exploradas pelas classes dominantes. Segundo Marx, “o homem projeta para fora de si, de maneira vã e inútil, seu ser essencial e perde-se na ilusão de um mundo transcendente”. A alienação religiosa nada mais é segundo entendimento que a projeção do ser do homem em um mundo ilusório. Em outras palavras a religião é o reflexo das relações dominantes que ilude com ideias que esconde a realidade da dominação. Contudo, a alienação religiosa deve ser analisada, compreendida e até refutada a partir da situação histórico-social concreta. Pois, a religião nasce, segundo Marx, da convivência social e política perturbada dos homens, de lacunas deixadas pela própria condição humana. Por fim, a critica de Marx deve ser entendida, a princípio como uma problematização que aguça nosso pensamento a pensar sobre a visão ideológica do cristianismo burguês de sua época;  Marx clamava pela "abolição da religião como felicidade ilusória do povo." advindo daí ser mais um instrumento de alienação e escravidão do proletariado do século XIX. É fato que Marx teve como grande missão levantar uma discussão que permitiu a organização critica de parte do proletariado, visto ao logo da história que é possível buscar melhorias mesmo sem uma revolução. Sendo assim, é possível enfatizar a importância da busca pelo senso critico intelectual que permita o entendimento das questões que envolvem a infraestrutura socioeconômica e política do homem.

 

Referência:

Karl Marx, "Uma Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel" (1844)

Robertino Lopes, um olhar crítico: o pensamento de Marx acerca da religião. a critical view: Marx thinking about religion.

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